sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Uma bela história e um belo exemplo

Eis uma história que nem todos conhecem, mas que tem o condão de nos remeter a uma reflexão profunda se precisamos mesmo conviver com a rivalidade.

Refere-se a dois dos três maiores tenores que encantaram o mundo, cantando juntos.Mesmo quem nunca visitou a Espanha, conhece a rivalidade entre catalães e madrilhenos, desde que os catalães lutam pela autonomia numa Espanha dominada por Madri.Pois bem: Plácido Domingo é madrilheno, José Carreras é catalão.

Devido a questões de ordem política, em 1984, Carreras e Domingo tornaram-se inimigos. Sempre muito solicitados em todo o mundo, ambos faziam questão de exigir e exibir, nos contratos firmados, que só atuariam em determinado espetáculo se o adversário não fosse convidado.

Em 1987, Carreras foi surpreendido por um inimigo muito mais implacável que o seu rival, Plácido Domingo; num diagnóstico assustador e terrível, tomou conhecimento que era portador de leucemia.

A sua luta contra o câncer foi muito sofrida e difícil, tendo se submetido a diversos tratamentos, a um transplante de medula óssea, além de uma mudança de sangue, que o obrigava a viajar mensalmente até os Estados Unidos.

Nessas circunstâncias, viu-se impossibilitado de trabalhar e, apesar de dono de uma fortuna razoável, os elevadíssimos custos das viagens e dos prolongados tratamentos logo dilapidaram suas finanças, seu patrimônio.

Quando não tinha mais condições financeiras e as esperanças esvaiam-se, tomou conhecimento da existência de uma “fundação”, em Madri, cuja finalidade era apoiar o tratamento dos doentes com leucemia.

E assim, graças ao apoio da “Fundação Formosa”, Carreras venceu a doença e voltou a cantar. Voltou, conseqüentemente, a receber os altos cachês que merecia e, em reconhecimento, resolveu associar-se à “Fundação Formosa”.

E foi aí, ao ler seus estatutos, que descobriu, perplexo, que o seu fundador, maior colaborador, mantenedor e presidente era, ninguém menos, que Plácido Domingo.

Depressa, soube que Domingo havia criado a “fundação” para ajudá-lo e que se tinha mantido no anonimato para que ele não se sentisse humilhado em aceitar o auxílio de um “inimigo”.

Mas, o mais comovente foi o encontro dos dois: surpreendendo Plácido Domingo num dos seus concertos, em Madri, Carreras interrompeu a atuação deste, subindo ao palco e, humildemente, ajoelhando-se a seus pés, pediu-lhe desculpas e agradeceu-lhe publicamente.

Plácido, emocionado, o ajudou a levantar-se e com um forte abraço selaram o início de uma grande amizade.

Mais tarde, intrigado, um jornalista perguntou a Plácido Domingo porque criara a “Fundação Formosa”, num gesto que, além de ajudar um “inimigo”, ajudava e reabilitava, também, o único e potencial artista que poderia fazer-lhe concorrência.

A sua resposta foi curta, incisiva e definitiva: “Porque uma voz como aquela não poderia perder-se”.

Esta é uma história real da nobreza humana, da amizade verdadeira, e deveria servir-nos de inspiração e exemplo.

(Autor desconhecido)

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